A manutenção efetiva passa pela boa gestão, faz durar a frota e ajuda a conter gastos em ano de incertezas

Agrishow, feira realizada entre o final de abril e o início de maio, em Ribeirão Preto (SP), comprovou que realmente é um dos principais termômetros do agronegócio brasileiro. A queda de 30% no movimento financeiro da feira neste ano mostra que os produtores rurais, mesmo capitalizados, estão receosos de investir na compra de equipamentos zero. Entre os motivos estão a alta das taxas de juros dos financiamentos e, principalmente, o receio em relação aos rumos da economia.

O boom nas vendas nos últimos três anos, em condições que favoreceram a renovação da frota, também pesa nos números atuais. Conforme levantamento dos fabricantes, o auge das vendas de máquinas agrícolas no Brasil ocorreu em 2013, quando quase 83 mil equipamentos foram comercializados. E quem comprou máquinas no período hoje dispõe de tecnologia de ponta, o que permite adiar as novas aquisições, sem risco de prejuízos, e apostar namanutenção da frota e em peças de reposição. “A assistência correta depende também do humor do mercado: se a coisa está boa, a máquina roda até quebrar. Se não está, faz manutenção para não precisar comprar uma nova”, explica José Paulo Molin, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq/USP.

O seu colega de departamento, o professor de gestão e planejamento de máquinas agrícolas, Marcos Milan, afirma que usar a máquina durante toda a sua vida útil evita prejuízos ao produtor. “Quanto mais usar a máquina, menos custo fixo ele vai ter de pagar. Se não usar até o fim, pode depreciar o produto”, ensina.

Máquinas agrícolas como tratores podem durar, em média, entre 10 mil e 15 mil horas, dependendo da cultura e da intensidade de uso, influenciando no momento de manutenção ou de troca. “O que não pode é tomar as decisões baseadas no que seu vizinho faz. Cada situação é única, variando de acordo com o que acontece dentro da porteira”, aconselha Milan.

Uso responsável

Para saber quando e o que fazer como equipamento, o especialista indica duas coisas: seguir o manual do fabricante, que prevê as datas de manutenção de acordo com as horas de uso (igual à quilometragem de carros); e ter uma caderneta para controle das despesas com consertos, datas de revisão, gastos com combustível, entre outros dados. “Toda a manutenção de máquinas passa pela gestão correta da frota.” Outro fator que interfere diretamente na vida útil do produto é o uso responsável. Segundo o professor Milan, ações simples podem gerar economia em manutenção e melhores resultados no campo (veja a lista abaixo).

Ponto de troca

Considerar a troca definitiva da máquina também requer planejamento. O chamado “ponto de troca” depende de diversos fatores, mas basicamente é resultado da comparação entre gasto com manutenção e o preço de uma máquina nova. Há um cálculo relativamente simples, como explica José Paulo Molin. “Quando o valor de manutenção fica alto demais ou chega a 100% do preço de um novo, é preciso considerar uma máquina nova”, explica. “A troca também depende da disponibilidade de financiamento: se for a baixo custo, pode ser que valha a pena trocar, mas é preciso pôr na ponta do lápis”, complementa Milan.

Confira as 8 dicas do professor Marcos Milan para aumentar a durabilidade dos equipamentos:

1 – Gestão da frota

Anote tudo relacionado a cada máquina: custos de manutenção, gastos com combustíveis, entre outros dados. Com eles, será mais fácil decidir pelo conserto ou troca definitiva do equipamento

2 – Leia o manual do fabricante

Ele precisa ser seguido à risca, pois a partir dele é agendada a manutenção preventiva

3 – Atenção às peças frágeis

Há peças, como as correias, que quebram mais facilmente. Dê atenção especial a esses itens e, se possível, estoque-os na fazenda para um conserto mais rápido

4 – Verifique sempre

Entre uma manutenção e outra, pode haver imprevistos. Identificar o problema no início pode evitar que outras peças se danifiquem e gerem gastos maiores

5 – Boas práticas

Use implementos adequados quanto ao peso e tamanho do equipamento; não use a máquina no seu limite de potência; conheça sua máquina e capacite os operadores a identificar algo anormal

6 – Esteja atento aos sinais de defeitos

Preste atenção em ruídos, cheiros e vibrações da máquina. Nesses casos estranhos, pare o trabalho e investigue. Não ignore também os avisos de erro no painel. Na maioria das vezes, não é defeito na lâmpada, e sim na máquina

7 – Aposte em peças originais

Elas são mais confiáveis. Desconfie de itens muito mais baratos que os oferecidos pelos fabricantes: o barato pode sair caro. Se for escolher genéricos, opte por aquelas peças que atendam ao padrão de qualidade a que a máquina está acostumada

8 – Oficina de confiança

Após o fim da garantia, siga levando o equipamento na assistência autorizada, se os custos não aumentarem consideravelmente. Caso saia muito mais caro, leve a um mecânico de confiança.

Fonte: Revista Globo Rural

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